
Poema: A merendeira
Lembro-me daquela
menina:
chinelos de dedos
(apertados e sujos),
lápis, caderno e borracha
(dentro de uma sacola
de plástico) e,
sempre, na expectativa
do que seria de lanche,
na hora do recreio,
vindo da merendeira Lia.
Lembro-me da Ângela,
colega de classe:
chegando de carro na escola,
com sua mochila de um
personagem televisivo
presa às costas e,
na lancheira,
quando não um
doce qualquer,
um bolo de confeitaria.
Lembro-me depois que,
pela adolescência, Ângela,
conheceu o Elias: bonitão,
perfumado e gente muito fina.
Foi vindo o tempo da vida, de
convívio.
Aí, um belo dia, resolveram
transportar de uma vez,
o que era/é proibido por lei.
Coitados. O caminho deles
da rodoviária, foi
para a penitenciária.
Lembro-me do passado
(prefiro o presente).
Não sei se ainda vou
estar numa outra fila,
nessa idade.
Mas sinto-me feliz.
Pois. Além do abraço apertado
da merendeira Lia,
que virou minha madrinha,
receber dela, com ternura,
meu diploma do curso de Letras,
de formatura.
Autor: Denis Santos (Guarapuava –
PR).
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