Poema:  A chuva Tenho essa função:  sou aquele que caminha  e busca num simples fôlder de pizzaria, ou, num anúncio turístico  comercial, ou, num boleto mensal qualquer, uma frase composta que, não  sei se poderá, um dia, embaralhada, ser encontrada.  Tenho essa função:  sou aquele som alto das trovoadas em  dias chuvosos; o afastamento das folhas  das árvores com o  impasse dos relâmpagos  e; aquele lago que  transborda, com o excesso climático, onde, de sopetão, aparece no verão.  Tenho essa função: empresto da prosa, uma idéia; de um poema, uma palavra profunda e; de uma crônica, um pensamento  que faça diferença, ou, me  convença.  Tenho essa função:  sou sempre aquele que  tira, arranca, afasta... todos, a saírem da linha reta corriqueira do mundo. Sou  um texto, inacabado, ou, terminado. E, agora, hoje, já não sei até mais  quando, sobrevivo. Sei. Vou ser sempre aquele que forma, po